Rua Tomás Carvalhal, conhecida como endereço do terror

Na esquina da Tutoia com Tomaz Carvalhal funcionou na década de 1970 o DOI/Codi, hoje 36 DP
    

 Radiografia da Notícia

Infelizmente esse cenário era outro do final da década de 1960 até 1979

Moradores mais antigos relatam que eram comum ouvir gritos durante o dia e de noite

Das inúmeras casas das décadas de 1960 e 1970, hoje elas cederam lugar aos edifícios, a maioria de luxo

Luís Alberto Alves/Hourpress

A Rua Tomás Carvalhal começa na Bernardino de Campos, ao lado da Estação Paraíso do Metrô, e termina na Rua Tutoia, no bairro do Paraíso, Zona Sul de São Paulo. Com poucos estabelecimentos comerciais, é tomada por inúmeros edifícios, muitos deles de luxo, ela é uma rua calma.

Infelizmente esse cenário era outro do final da década de 1960 até 1979. Neste período, o número 1030 da Tomás Carvalhal ficou conhecido como Casa da Morte ou do Terror. Ali funcionava o DOI/Codi (Destacamento de Operações de Informação/Centro de Operações de Defesa Interna).

Subordinado ao Exército, e criado pelo general Siseno Ramos Sarmento, tinha como pauta a Doutrina da Segurança Nacional, formulada pelo National War College dos Estados Unidos. Opositores ao Regime Militar de 1964 sofriam torturas, e milhares perderam as suas vidas para confessar o que não sabiam.

Herzog

O DOI/Codi-SP, que pega parte do quarteirão da Tomás Carvalhal e Rua Tutoia, onde hoje funciona o  36º DP (Paraíso), estava nas mãos do coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra. Nesta Casa da Morte, foram assassinados sob tortura o jornalista Vladimir Herzog, em 1975; o metalúrgico Manoel Fiel Filho, em 1976, o estudante universitário Alexandre Vannuchi Leme, em 1973; e o jornalista Luiz Eduardo Merlino, em 1971.

Na época de militância política no grupo de guerrilha VAR-Palmares, em 1969, Dilma Rousseff passou pelo DOI/Codi, e o coronel Brilhante Ulstra comandou durante 22 dias seguidos as torturas para que ela confessasse nomes de mais envolvidos neste grupo de extrema-esquerda. Calcula-se que dos mais de 6.700 opositores que passaram por ali, 50  acabaram assassinados.

Moradores mais antigos relatam que eram comum ouvir gritos durante o dia e de noite. As paredes do pequeno prédio, dividido entre térreo e primeiro andar, não tinham revestimento acústico. Quando alguém tentavam intervir, logo sofria ameaças dos policiais que prestavam o serviço sujo no DOI/Codi. Até advogados tinham receio de irem aquele lugar para tentar localizar presos.

Nuvens

Retirando essa mancha, a Rua Tomás Carvalhal é calma. Tem fácil acesso à Avenida 23 de Maio, ao Parque Ibirapuera, à Avenida Brasil, Rua Estados Unidos. O trânsito consiste apenas, na maioria das vezes, em carros de pequeno porte. Poucos caminhões passam por ali.

Não há bares ou casas de espetáculos por ali, geralmente responsáveis por barulho, principalmente nas sextas-feiras e final de semana. É bom local para morar. Das inúmeras casas das décadas de 1960 e 1970, hoje elas cederam lugar aos edifícios, a maioria de luxo, e com o preço nas nuvens.

João Tomás Carvalhal nasceu na Bahia. Foi médico do Exército durante muitos anos, inclusive participando da Guerra da Paraguai, para socorrer soldados feridos nos campos de batalha. Após o término do conflito, representou a Província (Estado) de São Paulo como deputado na Constituinte Republicana, entre 1890/91.

Veja o clipe da Rua Tomás Carvalhal no Tik Tok: https://www.tiktok.com/@cajujornalista/video/7191826074240683270


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